Os portugueses não aceitam
É muito natural, hoje em dia
irmos a centros comerciais, bares, restaurantes, lojas e sermos atendidos por
brasileiros nas grandes cidades. Nas pequenas cidades, vilas e aldeias, não se
vê tanto.
Ouve-se muito falar que,
Portugal cada vez tem mais brasileiros. No entanto, também tem menos
portugueses, porque não só todos os anos imigram brasileiros, angolanos,
cabo-verdianos e ucranianos para cá, como portugueses emigram para o
estrangeiro. No entanto, tem uma coisa boa eles cá estarem. Se não são eles a
assumirem certos trabalhos, quem os assumia?
Para quem vive na grande
Lisboa (como é o meu caso), Porto ou Coimbra, irmos a um café, pastelaria ou a
um restaurante self-service, que tenha uma rede espalhada pelo país inteiro, é
já normal sermos atendidos por um/a brasileiro/a. O mesmo acontece nos grandes
supermercados, Continente, Pingo-Doce, Lidl, também já começam a ver-se muitos
operadores de caixa brasileiros.
Na área do call-center,
também já se ouvem vozes do outro lado do atlântico a atenderem as chamadas. Eu
também já trabalhei nesta área por três vezes, muito tempo depois, após ter
tirado a licenciatura.
Uma vez numa entrevista de
trabalho, a senhora que me estava a entrevistar, perguntou-me:
- O João já trabalhou como
operador de call-center, após já ser
licenciado?
Aqui temos o exemplo de uma
senhora muito exigente. Típico de uma grande portuguesa.
Hoje em dia, temos os
serviços do Uber Eats, que fazem entrega de refeições ao domicílio, através das
aplicações móveis. Quem faz as entregas? São os portugueses? Não. São os
brasileiros? Vêm-se muito poucos. Então quem as faz? São os cidadãos dos países
de leste. Eu já fiz vários pedidos destes e nunca vi um português a fazê-lo. Há
uns anos atrás, estamos a falar do final da década de noventa e no início do
ano dois mil, a Telepizza e a Pizza Hut, faziam entregas por conta própria.
Contratavam distribuidores, que pertenciam às próprias marcas. Quem eram os
distribuidores na altura? Acima de tudo, jovens portugueses. Raramente se via
um brasileiro a distribuir.
Apenas nos restaurantes de
longa data e em que a maioria, foram os próprios donos a abriram o negócio, se
vêm portugueses a trabalhar. Estamos a falar de restaurantes já conhecidos pelos
próprios residentes da zona. Eu até posso dar um exemplo de um restaurante,
onde vou almoçar a maioria das vezes nos dias de trabalho, já com cerca de
trinta anos de existência, e sempre trabalharam lá as mesmas pessoas. Isto é,
dois casais. Que por coincidência, os maridos são irmãos e as esposas são
irmãs.
Também há portugueses (não é
só cá em Portugal), que procuram emprego mas, que não tenham trabalho. Isto é,
não terem grandes esforços, não estarem todo o tempo a trabalhar e terem as
menores responsabilidades possíveis. E há quem tenha a sorte de entrar às 10h
da manhã e sair às 16h, e ser remunerado em regime full-time.
Como diz o Sérgio Godinho no
tema Demónios de Alcácer Quibir: “E etc. e tal, Viva Portugal”.
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