Novela “Anjo Selvagem”

    Para quem não se recorda, a novela Anjo Selvagem foi transmitida na TVI entre Setembro de 2001 a Fevereiro e 2003. Teve como principal personagem Paula Neves no papel de Mariana, uma empregada maluca da cabeça.

    A actriz fez um bom trabalho, tendo interpretado bem a sua personagem. O que mais deixou a desejar nas gravações, foi a produção. Comparando com outras novelas e séries portuguesas, ficou muito abaixo para quem já assistiu a outras.

    Esta novela portuguesa, que foi uma adaptação da novela "Muñeca Brava", original da Argentina de 1998, durou 17 meses (pouco mais de um ano), num total de 231 episódios, o que se tornou cansativo para quem assistiu à novela desde o início, no qual a TVI elogiou a mesma pelo tempo que demorou. Até Manuel Luis Goucha estava a entrevistar uma convidada no seu programa, falou-lhe da emissão do Anjo Selvagem e disse-lhe que a novela já durava há mais de um ano, esperando que ela elogiasse a mesma. Uma novela por si própria, dura entre 6 a 7 meses, que é o tempo médio de cada uma para não se tornar cansativa para o espectador. Uma das actrizes que entrou na novela, Madalena Bobone que fez o papel de Lina, falou em directo ao telefone para um dos programas da TVI, na altura a novela ia com treze meses de emissão e a actriz diz: “Já lá vão dois anos de emissão, não é?”. Isto para fazer marketing e publicidade, vale de tudo.

    Tivemos uma personagem, o Dr. Álvaro Salgado (interpretado pelo falecido Alexandre Sousa), que era o CEO de uma empresa de engenharia civil, em que as personagens elogiavam o Dr. pelo seu excesso de trabalho devido ao cargo que tinha na firma. Mas o que é verdade, é que a maioria das vezes em que Álvaro Salgado aparecia nos ecrãs, ele não estava a trabalhar. As suas partes mais importantes na novela eram fora do seu trabalho. Uma outra parte que também teve muita falta de qualidade, principalmente no argumento, foi uma confusão que fez com que as personagens acreditassem que Mariana (Paula Neves), estava grávida de Pedro Salgado (José Carlos Pereira). Foi tudo mal feito, com péssima interpretação por parte dos actores, que levou ao desespero por parte dos espectadores, devido à falta de imaginação que esta parte da novela teve, em que apenas num pequeno mal entendido, fez com que todos acreditassem no impossível. A noiva de Pedro Salgado, Diana Rodrigues (Neuza Teixeira), até chegou a dizer que não se importava de adotar essa criança. Para cenas com falta de imaginação, esta gente vai longe demais nas improvisações que fazem.

    Outra parte da novela, também ela com falta de imaginação, foi o rapto que um grupo de mafiosos fizeram à Mariana, e pediram ao seu pai (Álvaro Salgado) um resgate. Este grupo de gansters teve êxito no trabalho que fez, apesar da Mariana ter conseguido fugir, o resgate foi pago, não se tendo no episódio seguinte falado do mesmo. Este resgate serviu apenas para preencher a produção, com alguns episódios da novela, que dias depois a empresa de Álvaro Salgado esteve prestes a falir. Não se ouviu falar depois do dinheiro que pagou o resgate. Álvaro Salgado disse que já não tinha dinheiro para pagar à sua secretária (Vera Alves no papel de Andreia Barroso), para uma empresa de engenharia civil que dava rios de dinheiro e chega aquela situação. E tudo ficou salvo através do projecto de um centro comercial, fazendo uma parceria com uma outra empresa que salvou o negócio de Álvaro Salgado. Estavam cheios de dinheiro, depois entraram quase em falência, e a proposta de um projecto salva a empresa voltando eles a estarem com os cofres cheios.

    Outra parte repugnante, foi quando o cunhado de Álvaro Salgado (Marcelo Brandão interpretado por Eduardo Viana), roubou um cheque ao seu cunhado juntamente com Rosário de Medeiros (Isabel Leitão). Conseguiram falsificar a assinatura de Álvaro, irem ao banco levantar a quantidade de dinheiro que escreveram no cheque, com o intuito de fugirem e serem felizes com o dinheiro roubado. Acontece que, assim que Marcelo chega ao carro com a mala da quantia que levantaram, Rosário de Medeiros já estava dentro do carro ao volante para fugirem. Ela pede-lhe para ir buscar uma garrafa de água, ele pergunta-lhe se queria fresca ou natural, mas foi uma desculpa que ela lhe deu para fugir com o dinheiro sem ele. E assim o fez.

    Marcelo volta a casa, tendo sido enganado pela Rosário e dias mais tarde vende a sua discoteca que tinha comprado há uns tempos atrás. Álvaro apercebeu-se que o seu cunhado a tinha vendido, e ficou-lhe com o dinheiro da venda para compensar alguma parte do dinheiro que ele roubou.  Dinheiro esse que, segundo Álvaro disse, não chegou a uma décima parte da quantia que ele lhe tinha roubado. Se esta situação fosse real, alguma vez um banco deixava um casal levantar uma quantia exorbitante de um cheque sem a presença do dono? Só mesmo neste tipo de novelas é que estas situações acontecem!

Comentários

  1. Diogo Lopes:
    O que te posso dizer sobre o assunto, é que a minha avó adorava a novela. Aliás, ela adorava toda a programação da TVI! Acho que toda a ficção e programas da manhã estava virada para uma única faixa etária... Se é que me faço entender.
    Tentei acompanhar alguns episódios, mas a paciência rapidamente se esgotou, não entrava nos meus gostos televisivos de maneira alguma. O facto da novela ter durado tanto tempo é algo incrível, demonstra que nós, portugueses, gostamos mesmo do que é mau no geral.
    Não posso falar o mesmo de outras ficções do canal, como os "Morangos com Açúcar", que lançaram bastantes atores dos tempos de hoje, bem como era destinada para uma faixa etária muito mais "teen".
    A atriz de Anjo Selvagem ficou marcada, para mim, para toda a vida, pois até hoje não consigo ver a mesma em outra série televisiva. Só me vem à cabeça a sua má interpretação em Anjo Selvagem, após a sua excelente representação na série "Riscos" produzida pela RTP.

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