Sérgio Godinho, 75 anos

 

     O grande senhor da música portuguesa completou setenta e cinco anos de idade no passado dia 31 de Agosto e continua a cantar nos palcos portugueses, com mais de cinquenta anos de carreira.

     Tinha os meus dez anos de idade quando comecei a ouvir este grande cantor. O primeiro CD que tive dele, foi um best of que ele lançou em 1985 “Era uma vez um rapaz”, onde tem um tema inédito “Guerra e Paz”, entre os seus grandes clássicos.

    Os primeiros temas que me chamaram a atenção, foram “Guerra e paz”, “Coro das Velhas”, “Quimera do Ouro”, “É Terça-feira” e “Primeiro dia”. Todos os dias ouvia estes temas e sabia quase a letra toda das canções. Nessa altura, por vezes davam concertos do Sérgio Godinho na televisão, que sabia bem ver antes de deitar. Concertos esses que, anos mais tarde vinham a ser emitidos pela RTP Memória e eu não perdi a oportunidade de os gravar para DVD, para de vez em quando recordar.

      Tive conhecimento do cantor quando via os bonecos animados “Os amigos do Gaspar” em 1988. Só que nessa altura não havia internet, muito menos Youtube para poder ouvir as suas músicas. Comprei o CD muitos anos depois. Aliás, enquanto escrevi este texto, estive a ouvir o CD ao mesmo tempo.

    Voltando ao CD “Era uma vez um rapaz”, mais tarde comecei a ouvir os temas “Com um brilhozinho nos olhos”, “Os demónios de Alcácer-Quibir”, “Etelvina”, “Cuidado com as imitações”, “A noite passada” e “O Porto aqui tão perto”. Foram temas que me marcaram muito e o tema “Com um brilhozinho nos olhos”, eu e um colega meu de escola achávamos piada ao refrão: “Hoje soube-me a pouco, hoje soube-me a pouco…”, que nas aulas, sempre que podíamos cantávamos a canção.

      Alguns anos depois, ouvi “As certezas do meu mais grande brilhante amor”, “Espalhem a notícia” e o excelente dueto do cantor português com o brasileiro Ivan Lins “Que há-de ser de nós?” de 1983. Sérgio Godinho não tem fama no Brasil, mas felizmente os grandes cantores brasileiros são seus fãs, quando em 1995 o cantor foi ao programa “Os trapalhões em Portugal”, e o apresentador brasileiro Renato Aragão (Didi), disse para o cantor: “Caetano Veloso e Chico Buarque mandaram um grande abraço para você”.

      Mais ou menos nessa altura, foi-me oferecido o álbum “pré-histórias”, onde inclui os clássicos “A noite passada” (incluído também no Best of “Era uma vez um rapaz”), “O homem dos sete instrumentos” e “Barnabé”.

      Infelizmente não foram muitas as vezes que vi Sérgio Godinho ao vivo. Lembro-me que a primeira vez que o vi ao vivo no concerto “Os filhos da madrugada” (tributo ao Zé Afonso) em 1994 no antigo estádio de Alvalade, tendo sido ele o cantor convidado e cantou com os Sitiados o “Comboio descendente”. A última vez que o vi foi na festa do Avante há dois anos.

      Nestas últimas duas décadas, o cantor tem produzido um estilo musical muito diferente do que fez nos seus primeiros vinte e cinco anos de carreira. Fugiu um pouco à música popular e em 1997 lançou o disco “Domingo no Mundo”, onde teve a participação de músicos e produtores de outras áreas musicais, desde o Pop, Rock, Popular, Erudita, Jazz, etc. Muitos deles ainda hoje tocam com Sérgio Godinho, onde Nuno Rafael é guitarrista e director da produção musical do cantor. Também fez parte de outros projectos musicais com Manuela Azevedo (vocalista dos Clã), e em 2003 lançou o “O Irmão do meio”, onde juntou vários músicos portugueses e brasileiros. São clássicos antigos do Sérgio Godinho, em que cada música tem a participação especial de um ou mais cantores. Teve a participação especial da Teresa Salgueiro, Jorge Palma (onde se reuniu novamente com os Palma’s Gang, e foi a última gravação que eles fizeram juntos), Xutos & Pontapés, Vitorino, Rui Veloso, Da Weasel entre outros cantores portugueses. Juntou também alguns cantores Brasileiros, Caetano Veloso, Gabriel Pensador, Milton Nascimento, entre outros.

      Depois deste êxito, não houve assim grandes trabalhos por parte do cantor que me chamassem a atenção. As suas letras, identificam-se imenso comigo e nalgumas músicas o cantor parece que andou a perseguir a minha vida em certos acontecimentos que aconteceram comigo, e estão escritos em alguns dos seus clássicos.

“Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida…”


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