Chuvas de Estrelas


     Quem não se recorda da primeira edição do Chuva de Estrelas na SIC em 1993 apresentado pela Catarina Furtado, que na parte final de cada programa, passava o microfone pelos concorrentes para cantarem a “Thank you for the music” dos Abba na versão dos Onda Choc. O concurso consistia em três jurados, Simone de Oliveira, Paco Bandeira e Lena D'Água. E em cada programa iam seis candidatos cantar, passando dois deles às meias-finais, sendo um dos candidatos escolhido pelo próprio júri e o outro pelo público. 

      Cada concorrente tentava imitar o melhor possível o seu ídolo musical. No fim de cada actuação, o cantor ouvia sempre a opinião do júri. Acontece que um candidato foi ao programa cantar o “Money for nothing” dos Dire Straits, e não teve uma avaliação positiva por parte do jurado Paco Bandeira, para seu grande desespero e perante a população portuguesa, pois o Chuva de Estrelas era um dos programas televisivos com mais audiência, na altura. O pior que pode acontecer a um candidato, é ouvir uma opinião negativa  de um dos jurados. E foi o que aconteceu a este cantor. O próprio Paco Bandeira disse-lhe mesmo na cara, que não gostou. A razão que levou Paco Bandeira a dizer que não gostou da actuação do candidato, foi mais por não ser fã dos Dire Straits do que propriamente a actuação em si. Um jurado não pode dizer a um candidato, nem ao público se é fã dos cantores que os candidatos vão interpretar. O seu cargo é apenas comentar a sua actuação, em que partes o concorrente esteve bem, e em que partes não esteve tão bem. A função de um jurado é essa. Quem passa por uma situação destas, fica marcado por uma fase negativa da sua vida, e notava-se na cara do concorrente o seu grande desalento perante o jurado. Contudo, quem ficou mais marcado pela negativa foi o jurado e não o concorrente. Há que saber respeitar os gostos das pessoas.

      Houve outra candidata que foi cantar Madonna, e o Paco Bandeira ao comentar a sua actuação, disse-lhe: “Não gosto dela, mas gosto de si”. Este senhor também merecia que as pessoas que se cruzassem com ele, lhe dissessem o mesmo.

     Noutro caso diferente, um candidato foi imitar o Rui Veloso (“Não há estrelas no céu”), e os comentários da Lena D’Água, deram para rir um bocado. Disse ao candidato alguns pormenores que lhe faltavam e o último deles foi: “… e também falta aí a aliançazinha no dedo, porque ele também já casou!”.

      A selecção feita para a passagem dos candidatos às meias-finais, foi assim durante a maioria das edições do Chuva de Estrelas, que para além da Catarina Furtado teve outros apresentadores, como José Nuno Martins e Bárbara Guimarães. Na fase da selecção, o público era o primeiro a revelar o seu candidato escolhido e de seguida o Júri. Tendo também os jurados sido alterados nas outras edições. Acontece que o público por vezes escolhia o candidato que mais apreciava, do que propriamente o que actuava melhor. Iam mais pela música que gostavam, do que pelo desempenho do candidato. E o próprio júri, por vezes revelava isso. Diziam: “O júri não está de acordo com a decisão do público”. O que fez com que na última edição, fosse o próprio júri a seleccionar os dois candidatos à meia-final.

    Falando de outro programa do género, o Mini-Chuvas de estrelas. Programa que também deu na SIC, depois do Chuva de Estrelas, apresentado pela Margarida Reis. Se bem se recordam, aquilo não era um programa de cântico, mas sim playback. Os concorrentes eram crianças que rondavam os 10 anos de idade, e a única coisa que eles praticamente faziam em palco, era dançar e fingir que cantavam.

   Os jurados do programa, também eram três. Fernando Martins dos Ritual Tejo, Anabela (do eurofestival da canção) e todas as semanas havia um convidado. Os comentários destes jurados, eram mais para rir do que propriamente para levar a sério. Qual é a necessidade de haver júri num programa destes? Para que serve o comentário deles? Para tomar algum tempo ao concurso e para ouvir aplausos e gritos por parte do público.

      Uma rapariga foi imitar a vocalista dos Entre-Aspas (Viviane Parra), em que a actuação dela foi apenas correr aos saltos de um lado para o outro, a bater palmas segurando o microfone, sempre a rir-se, e por incrível que pareça, foi ela quem passou às meias-finais. A boa disposição da rapariga e toda a sua alegria, fez com que o júri a tivesse seleccionado para a fase seguinte. Houve num episódio em que a filha de uma senhora que estava na plateia foi seleccionada para a fase seguinte, e a mãe ficou histérica, dando gritos!

     Resumindo e concluindo, qual foi a moral deste programa, se as crianças não cantavam e só estavam no palco a fazer playback?!


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