Ennio Morricone, o Maestro
Ennio Morricone foi e será sempre uma
grande referência na composição de bandas sonoras de filmes de Hollywood. Ao
todo foram mais de quinhentas. As que mais marcaram a carreira do compositor
italiano foram “O Bom, o Mau e o Vilão”, “Aconteceu no Oeste” e “Era uma vez na
América”. Todos eles realizados pelo ilustre italiano Sérgio Leone.
Quem gosta destes três filmes, também gosta das bandas sonoras. É impossível
gostar de uma e não de outra. “O Bom, o Mau e o Vilão”, quando nos lembramos do
filme, automaticamente lembramo-nos do tema principal “The good, the bad and
the ugly”. O tema não só retrata o filme, como também a grande obra do maestro
italiano. Um clássico que fica na memória de todos nós, como também de
Hollywood e que envolveu dezenas de músicos na gravação do tema. Mesmo a malha
deste clássico, faz-nos lembrar o mundo dos cowboys.
Outro tema bastante conhecido desta banda sonora é o “The Ectasy of Gold”. É
quase na parte final do filme, quando Tuco (Vilão) chega ao cemitério, onde
estão escondidos os tais dólares, que o tema entra no desenrolar do filme. Este
tema também ficou marcado pelos inícios dos espectáculos dos Metallica. Desde
1983, que a banda de heavy metal norte americana passa essa parte do filme
antes de começarem a actuar. Eu, pelo menos já vi sete vezes os Metallica ao
vivo, e sempre passaram nos ecrãs a parte do filme em que se ouve o tema “The
Ectasy of Gold”.
Antes do “Bom, o Mau e o Vilão”, Ennio Morricone também compôs as bandas
sonoras de “Por alguns dólares” e “Por um punhado de dólares”, ambos com Clint
Eastwood no principal papel e também realizado por Sérgio Leone. Uma bela
trilogia de cowboys, em que Clint Eastwood faz o mesmo papel em todos eles, não
esquecendo os grandes clássicos compostos pelo nosso maestro italiano.
De seguida, veio o “Aconteceu no Oeste”, um outro filme de cowboys também
realizado por Sérgio Leone, mas desta vez, o filme teve como personagem
principal uma mulher. Cláudia Cardinale. Uma história completamente diferente
da trilogia anterior e que também ficou marcada pela sua banda sonora. Dulce
Pontes viria a cantar para Ennio Morricone com um tema dessa banda sonora,
“Your Love”. Após ter conquistado o oitavo lugar no Eurofestival da canção em
1991 com “Lusitana Paixão”, a cantora portuguesa espalhou fama por este mundo
fora, e em 2003 foi convidada pelo compositor italiano a cantar/gravar alguns
dos seus grandes clássicos no albúm “Focus”.
Em 1984, veio o “Era uma vez na América”, um dos melhores filmes de gansters
feito até hoje. Filme esse que tem pouco mais de três horas e meia, tendo
Robert de Niro no principal papel com uma excelente banda sonora de Morricone.
Lembro-me quando era pequeno, ir muitas vezes ao Algarve passar fins de semana
com os meus pais à casa dos meus avós maternos e nas viagens que fazíamos, na
Antena 1 ou na TSF, já não me lembro em que estação foi, transmitiam um
programa em que liam poesias, e no início e no fim do programa, passavam sempre
o tema “Childhood Memories” dessa banda sonora. Os temas do Ennio Morricone, eram
usados para espectáculos, programas, apresentações, etc.
A pergunta que eu faço agora é, como é que nenhum destes filmes teve qualquer
nomeação para um Óscar? Como é que Ennio Morricone, só venceu a primeira
estatueta de melhor banda sonora depois de ter já composto mais de quinhentas
bandas sonoras, aos oitenta e sete anos de idade com o filme “Os Oito Odiados”?
Se realmente os Óscares fossem vencidos por quem os merecesse, o compositor
italiano tinha ganho pelos menos dez.
Ennio Morricone veio dar um concerto a Portugal em Maio do ano passado no
Altice Arena. Faleceu aos 91 anos de idade, passou uma vida inteira a
trabalhar, deixando nas memórias de todos nós o excelente trabalho que
produziu. Rest in Peace.
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